9 de janeiro de 2020

Sobrevivi à primeira Quarta.

Em Junho o Pedro começou a trabalhar num novo hospital, e desde então tem um horário diferente: às Quartas e Sextas trabalha das 8h às 20h e nos outros dias está bastante mais tranquilo. Vai daí, quando ele regressou ao trabalho no dia 23 de Dezembro não notámos propriamente uma grande diferença nas nossas rotinas, até porque entretanto chegaram o Natal e a passagem de ano.

E eis que chegou o dia de ontem.

Ontem era a primeira Quarta que eu ia passar sozinha. A primeira vez que ia deitar os dois sozinha. O Pedro já tinha trabalhado Sextas-feiras, mas é diferente: às Sextas há toda a tranquilidade do fim-de-semana que está à porta, às vezes deixo o Matias ver um filme, não somos tão fanáticos com a hora do deitar, como o Pedro está na consulta geralmente consegue sair mais cedo e chegar a casa por volta das 19h (às Quartas opera e por isso é raro chegar antes das 21h), enfim.

Ontem era a primeira Quarta que eu ia passar sozinha, e estava aterrorizada. Antes da Gabriela nascer as Quartas-feiras eram de longe o dia mais intenso da semana, e não era assim tão raro o Pedro chegar a casa e eu estar no sofá com ar de falecida.

Ontem a Gabriela acordou às 5.30h para beber o biberão (fez um intervalo de 6h, riqueza da mamã), e às 6h eu já estava na cama novamente (já andamos ambas umas prós nas mamadas da noite). Depois adormeci, nem dei pelo Pedro sair de casa e só acordei às 9.30h com a Gabriela a chorar novamente. O Matias já estava levantado, já tinha tomado o pequeno-almoço dele (agora ele prepara o pequeno-almoço sozinho, riqueza da mamã número dois) e andava entretido a fazer puzzles. Dei o leite à Gabriela, vesti o Matias, vesti-me e levei-o à escola às 11h. Passei o dia na vida do costume, a jogar Sims e a ler as oitenta e tal páginas de currículo da Joana. Às 16h fui buscar o Matias e ele pediu para irmos comer um gelado, por isso lá fomos todos à Artisani.

Chegámos a casa às 17h. Como a Gabriela ainda estava a dormir, convenci o Matias a ir logo para o banho (geralmente só vai às 19h). Depois fizemos mais puzzles e ainda lhe li umas quantas histórias (agora o Matias pede sempre para lermos a história do Grinch do Dr. Seuss!). Às 18.45h ele já estava a jantar. Às 20h já estava na cama.

Depois disso dei banho à Gabriela, dei-lhe o biberão e deitei-a, e quando o Pedro chegou, às 20.45h, já eu tinha os miúdos limpos, alimentados e deitados, a casa toda arrumada e um copo de vinho branco na mão. Tínhamos ainda jantar do dia anterior (salmão com macarrão, ervilhas e mozzarella de búfala), e comemos no sofá a ver um episódio de The Witcher.

E sabem que mais? Desta vez não me senti nada falecida. Senti-me cheia de energia. Senti-me poderosa. Senti-me invencível.

Não tenho dúvidas que pela frente terei muitas Quartas-feiras terríveis, em que vou receber o Pedro com ar de chata queixosa e passar horas a chorar e a dizer que sou uma porcaria de mãe. Mas ontem não foi uma dessas Quartas. Ontem sobrevivi. E foi mesmo do caraças.