19 de setembro de 2019

Pregnancy Diary #44

Na Segunda-feira tinha uma consulta de Cardiologia marcada às 9h. Entrei às 11h. Cheguei a casa às 12h. Na Terça-feira tinha uma consulta de aconselhamento pré-natal de amamentação marcada às 11h. Estive duas horas na consulta com a Patrícia. Cheguei a casa às 13h. Ontem tinha aula de yoga para grávidas às 13h. Geralmente chego a casa às 15h. Na próxima semana tenho ecografia, consulta de babywearing, análises e dentista (é importante ir ao dentista na gravidez, não se esqueçam!). Na semana seguinte tenho obstetra, consulta no centro de saúde e massagem de drenagem linfática. Pelo meio ainda tenho a fisioterapia e devia ir visitar a maternidade.

Para algo que supostamente não é doença, podem crer que a gravidez envolve passar imenso tempo em consultas.

Na Segunda-feira comentei precisamente isso no Instagram: não sei como é que as grávidas que ainda trabalham conseguem manter este ritmo. Eu pareço uma grávida a tempo inteiro, e entre as voltinhas do dia-a-dia, o Matias e as consultas não sobra propriamente grande tempo para ver filmes no Netflix ou ler livros (que era o que eu fantasiava que ia fazer em casa).

Recebi imensas respostas totalmente opostas: enquanto algumas pessoas focam que de facto há muitas consultas e que no geral a entidade patronal não vê de todo com bons olhos a necessidade de ausências constantes (e quando a gravidez se segue a tratamentos de fertilidade então, nem se fala!), outras referem que numa gravidez normal basta à malta ser seguida em consultas mensais no centro de saúde.

E é óbvio que basta. Tal como para viver também nos basta respirar, comer e beber água. E não é por isso que não nos apaixonamos, não viajamos, não lemos livros ou ouvimos músicas.

Começo a achar que estar grávida é quase um trabalho a tempo inteiro, e acho que algo devia mudar para que isso não nos prejudique a nível profissional. Mas o quê? Do ponto de vista do empregador, percebo perfeitamente que deva ser uma chatice ter um funcionário que está sempre em consultas ou a não vir porque o filho está doente. Mas do outro lado estamos nós, exaustas, a achar que ir a uma consulta de babywearing é um luxo e a marcar consultas de obstetrícia para as dez da noite.

(Quando fiz o ecocardiograma fetal tinha marcação para as 20.30h e a sala de espera estava cheia de grávidas! Fui atendida às 22h e a sala continuava cheia de grávidas!).

Não tenho grandes sugestões. Mas tenho uma certeza: estar grávida não é assim tão simples como ir a uma consulta de dois em dois meses. A não ser que queiram só sobreviver à gravidez, e não vivê-la.