5 de junho de 2018

Svalbard - as FAQ

Ao longo dos dois últimos anos ouvimos muitas perguntas em relação à nossa viagem a Svalbard. Algumas delas vieram dos nossos amigos, outras dos nossos colegas de trabalho e recentemente comecei a receber perguntas por mail, por isso achei que faria sentido fazer uma espécie de enquadramento da viagem.

Sem mais demoras, aqui vão as Frequently Asked Questions :D

Sval... Quê?

Svalbard é um arquipélago norueguês no Árctico. É o ponto da terra permanentemente habitado mais próximo do Pólo Norte, ao qual está inclusivamente ligado por gelo no Inverno. A maior ilha (e a única habitada) é Spitsbergen, e a maior cidade de Spitsbergen é Longyearbyen, que tem cerca de dois mil habitantes.

Location of  Svalbard  (dark green)– in Europe  (green & dark grey)– in Norway  (green) 

Resultado de imagem para svalbard map 




But why?

Resultado de imagem para but why gif

Esta é talvez a pergunta mais frequente: porquê Svalbard? Confesso que não sei bem o que responder a esta pergunta. Porque é que quero ir ao Belize? Porque é que quero ir ao Irão? Porque é que quero ir ao Hawaii? 

Já olharam bem para estas fotos? Tenho literalmente milhares delas, igualmente bonitas. E apesar de ser um destino relativamente caro, foi facílimo lá chegar e incrível lá estar. Por isso, porque não Svalbard?

Pegadas de urso polar :D

Como chegar lá?

Nós fomos e voltámos via Oslo. Para lá passámos uma noite em Oslo: chegamos por volta das 20h, ficámos num hotel do aeroporto, ainda tentámos ir ao centro da cidade mas era feriado e estava tudo a meio gás, partimos no dia seguinte por volta das 10h. Para cá apanhámos o voo que saiu de Longyearbyen às 2 da manhã, fizemos uma escala de quatro ou cinco horas em Oslo e chegámos a Lisboa por volta das 13h. Há duas companhias aéreas que voam para Longyearbyen e há voos todos os dias.

Quando ir?

Isto depende do que pretendem fazer. No Inverno há umas actividades, no Verão outras e na meia estação outras. No Verão é dia durante 24h, no Inverno é noite durante 24h também. No Verão é 'mais quente' (nós apanhámos sempre temperaturas entre os -5 e os 0º), no Inverno é mais frio (chega aos -20º). Vai daí, depende muito do que estiverem à procura. Para verem auroras boreais não faz sentido irem no Verão, para fazerem cruzeiros não faz sentido irem no Inverno (porque está tudo gelado). Nós optámos por ir em meia estação porque assim ainda conseguíamos ver ursos polares, mas também já dava para fazer o cruzeiro.



Vale a pena marcar pela agência?

Nós decidimos tudo (voos, hotéis, cruzeiro) e depois pedimos à nossa agência de viagens para marcar. Não fica mais caro (na verdade até arranjámos um preço melhor para um dos hotéis) e temos suporte se alguma coisa correr menos bem (a dada altura tivemos um acidente e deu jeito ter essa rede de segurança), o que para nós é uma grande vantagem. A nossa agência é a Domenicos. Obviamente que também dá para marcarem tudo sozinhos, mas recomendo que façam um óptimo seguro de viagem (principalmente a nível de saúde, porque qualquer coisa mais complexa que vos aconteça em Svalbard implicará uma evacuação para o continente).

O que fazer lá?

Nós fizemos um cruzeiro na parte oeste da ilha e também passámos três dias em Longyearbyen, que ocupámos a fazer excursões. Basicamente as actividades dependem muito da altura do ano em que visitam: no Inverno dá para andar de motas de neve ou de trenós de cães, fazer caminhadas, ver as grutas ou fazer ski e no Verão dá para fazer os cruzeiros e as caminhadas. Como fomos na 'meia estação' deu para fazer uma mistura: fizemos o cruzeiro, andámos de trenó, subimos duas montanhas e também tínhamos uma viagem de motas de neve às grutas que foi cancelada (porque já não havia neve suficiente). Como vêem não andámos propriamente aborrecidos :D Também achámos que conjugar o cruzeiro com as excursões foi uma óptima ideia, e que fazer um sem o outro nos daria a sensação que ficava a faltar alguma coisa :)

Svalbard parece um destino épico! Recomendas para lua-de-mel?

NOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOOT. Primeiro, está um frio de rachar, e sinceramente não acho que ter quatro camadas de roupa seja assim a coisa mais sensual de sempre (e só a ideia de tirar a roupa era coisa para me demover de ter uma lua-de-mel muito entusiasmante if you know what I mean). Depois, em todas as noites que lá passámos só dormimos na mesma cama na última (nas outras ficámos nas antigas cabinas dos mineiros convertidas em hotel e no quarto do cruzeiro, que tinha um beliche - e que além disso não tinha chuveiro!). Além disso, é uma viagem intensa e cansativa - nós não nos queixamos porque na nossa lua-de-mel fizemos uma road trip de cinco mil quilómetros, mas a generalidade das pessoas parece apreciar mais deitar o lombo no México, nas Maldivas ou nas Seychelles :)

Quarto nas cabinas dos mineiros
Quarto no cruzeiro (olhai o luxo!)

E não é atrofiante ser dia durante 24h?

Resumidamente? É. Principalmente porque por alguma razão misteriosa a malta de lá não usa persianas, essa cena tão avançada, e prefere usar cortinas, que toda a gente sabe que tapam lindamente a luz (só que não). Por via das dúvidas ainda levei a minha melatonina comigo (e outras coisas mais fortes, porque aqui a interna de pedopsiquiatria vai sempre armada com psicofármacos para as viagens), mas só precisei de tomar numa das noites (e porque estava meeeeesmo com dificuldades em adormecer). De resto é um bocadinho esquisito andarem na rua às onze da noite e verem o sol, mas até é giro :) 

Que roupas compraram?

Nós tivemos uma sorte descomunal, porque quando começámos a marcar a viagem eu fazia tanta publicidade ao assunto que os meus pais ficaram inspirados e decidiram ir à Gronelândia. Em Janeiro. Com menos trinta graus. Entretanto compraram a parafernália toda (ainda gastaram umas centenas de euros, aquilo é super caro!), e como nós vestimos o mesmo e calçamos o mesmo que eles fizemos uma cena um bocadinho parasita e pedimos tudo emprestado :D No fim não gastei nem um cêntimo em roupa YEY :D

No cruzeiro andávamos com duas camisolas interiores, camisola exterior, casaco de penas, gorro, leggings, calças, dois ou três pares de meias, botas para a neve, luvas, cachecol, óculos de neve e o Pedro ainda tinha uma máscara. Na cidade andava-se bem 'só' com uma camisola interior, a camisola exterior, o casaco, o gorro, as calças (em Longyearbyen andava de calças de ganga normais) e sapatilhas :)

O Pedro :D
E a comida?

É cara. É caríssima. Não comem por menos de vinte euros em lado nenhum, uma cerveja custa uns sete euros, é de doidos mesmo. Até há bastantes opções vegetarianas, mas qualquer coisa que comam custa imeeeeeenso dinheiro.

Meia pizza por dez euros = mega pechincha lá
Cervejas a sete euros cada uma (mas bem boas por acaso)

Mas vamos lá a coisas concretas: é preciso vender um rim para lá ir, certo?

Acho sempre esta pergunta muito engraçada e dou sempre o mesmo exemplo: para mim, pagar um mês de salário meu por uma Bimby é uma chulice. Pagar exactamente o mesmo dinheiro para fazer um cruzeiro no Árctico não me faz a mínima confusão. São opções, e isto é tudo muito relativo. No fim, entre voos, hotéis, cruzeiro, excursões e comidas gastámos por volta de dois salários cada um, o que para mim é bastante aceitável tendo em conta o tipo de viagem que foi - trabalhar dois meses em dois anos para ir ao Pólo Norte não me parece assim tão ridículo :)

É claro que dentro das hipóteses disponíveis também há diferentes níveis de preços e há cruzeiros a custar dez mil euros por pessoa. É uma questão de procurarem o que se adapta melhor a vocês. Há questões incontornáveis (comer na Noruega é caríssimo, mas todos precisamos de comer) e outras que podemos gerir (do género, ficar em quartos com beliches com casa-de-banho partilhada!).

E pronto, podem chutar mais perguntas se quiserem :)