15 de junho de 2018

As reflexões que antigamente antecediam receitas (parte 2).

Fui operada há uma semana, e desde então tenho estado em casa. Hoje sinto-me manifestamente melhor, e embora ainda precise de andar de óculos de sol dentro de casa (e o meu olho pareça tirado daquela cena do Thor: Ragnarok), já consigo fazer uma vida mais ou menos normal.

Vai daí, hoje levantei-me e dei uma arrumadela na casa, fiz sopa, preparei um tabuleiro de costeletas com cogumelos, bacon e tomate para assar logo à noite, preparei duas vieiras recheadas para gratinar para o almoço, fiz pão na máquina de fazer pão, fiz brigadeiros, pus já algumas coisas na mesa para logo (temos malta cá em casa a ver o jogo), fiz uma máquina de lavar a louça... E quando me sentei no sofá a descansar um bocadinho pensei mais uma vez que seria super feliz a ser dona de casa (ou CEO da casa, como eu lhe chamo).

Eu sei que isto parece estranho. Lembro-me de uma vez ter falado disto a uma pessoa da minha família e ela ter comentado algo do género 'andaram as mulheres a lutar durante séculos para poderem trabalhar fora de casa, e tu queres viver de avental rodeada de filhos'.

Pois, that's right. Era exactamente isso que eu queria.

Não me interpretem mal: eu gosto do que faço (agora, pelo menos), e também sei que o Matias está bem na escolinha. Mas tratar da nossa casa e tratar da nossa família é aquilo que me deixa mais feliz no mundo inteiro. E digo a mim própria que não faço isso por uma questão de indisponibilidade financeira, mas a verdade é que ficar em casa é uma decisão super corajosa que eu não consigo ter neste momento.

Talvez um dia o faça. Não sei. Mas sinceramente acho que as mulheres que andaram a lutar durante séculos para poderem trabalhar fora de casa ficariam orgulhosas na mesma. Porque hoje em dia esta é uma escolha. Uma escolha corajosa e assustadora, mas uma escolha.