2 de março de 2016

Pregnancy Diary #83

Quando falei aqui da amamentação (a propósito, o meu grande obrigada por todo o vosso feedback!) surgiu uma questão curiosa nos comentários sobre a qual eu já tinha pensado: a questão do instinto.

Por todo o lado nos dizem que ser mãe é instintivo. Normalmente, seguido de uma lista de coisas super instintivas (#not) que temos de fazer ao nosso bebé. Dou um exemplo:

- Acalmar o bebé quando chora é instintivo! O ideal é sentar-se nua na bola de pilates, virada para uma parede branca, com pouca luz, com um som de fundo como o secador do cabelo e dar colinho aos saltinhos com o bebé também nu (com a fralda, vá) contra o peito.

E pergunto:

EM QUE MUNDO É QUE ISTO É INSTINTIVO, VALHA-ME DEUS?



Segundo os livros, nisto da parentalidade tudo é instintivo. Ora para mim não é instintivo pôr folhas de couve quentes nas mamas. Ou fazer Kegels. Ou ter um termómetro para medir a temperatura do quarto, outro para a água e outro para a humidade (que não tenho, mas pelos vistos deveria ter). Ou ler livros sobre a parentalidade.

E, pelo caminho, esta constante referência ao facto de tudo ser tão instintivo começou a fazer-me sentir uma porcaria nisto. Afinal, eu nunca tive o meu instinto assim em tão boa conta.

Até que ontem estava sentada no sofá a pensar na morte do Bezerra (é a forma correcta da expressão, sim) e ocorreu-me que, na verdade, há coisas que são incrivelmente instintivas. A minha necessidade de arrumar e organizar a casa é uma manifestação brilhante do fenómeno de nesting, e isso foi completamente instintivo. A minha vontade de que o meu bebé saia já cá para fora para eu o poder sufocar de beijões é instintiva. O facto de ouvir o corpo e perceber se devia comer, descansar, mudar de posição ou dormir é instintivo.

No fundo, parar e escutar é instintivo. Já as folhas de couve, nem tanto.

Apparently my nesting instinct has been replaced by a much stronger 'sleep and eat crap' instinct: