27 de novembro de 2015

Pregnancy Diary #13

Tinha quatro anos quando apresentei à minha mãe o meu primeiro namorado, o Eduardo. Para vos ser muito sincera não tenho grandes memórias dele, mas recordo-me disto: eu não gostava do Eduardo. Ele era fixe e tratava-me bem, mas eu gostava mesmo era do João Miguel, o mauzão da turma. Eventualmente comecei a namorar com os dois ao mesmo tempo.

Um dia, os meus pais decidiram cortar-me o cabelo bem curtinho 'para ficar mais forte' e o João Miguel disse que eu ficava feia e acabou comigo. Eu não me lembro de nada disto (aparentemente a minha super memória selectiva já vem de longe), mas a minha mãe sim: pelos vistos, enquanto ela me lia a história para adormecer nesse dia eu desatei a chorar e contei-lhe tudo enquanto soluçava.

Passaram-se depois anos serenos e sem dramas.

Reach for the Sun Quote



Um dia, a minha mãe estava sentada no computador a trabalhar. Eu tinha doze anos. Sentei-me ao lado dela com cara de caso e despejei a dúvida que me andava a corroer a alma há horas:

Eu gostava do Jorge e o Jorge não me ligava nenhuma. Ele tinha um amigo engraçado que era o Hélder, e com o tempo ficámos ambos bastante próximos. Um dia enchi-me de coragem, contei ao Hélder que gostava do Jorge e perguntei-lhe se ele achava que o Jorge sentia o mesmo por mim. O Hélder ficou calado e pensativo durante o resto da aula de educação visual.

Quando eu cheguei a casa, o Hélder mandou-me uma mensagem a dizer que gostava de mim e que queria namorar comigo. E eu fiquei perdida. Eu gostava dele, mas como amigo. Por outro lado ele era fixe, ouvia música diferente, dava-se com rapazes mais velhos, era um dos administradores do canal do mIRC da escola e jogava andebol.

Vai daí, fiz o que me pareceu lógico: perguntei a opinião à minha mãe.

Nunca vou esquecer a cara da minha mãe enquanto me ouvia. Um mistura de estupefacção com nostalgia e pânico manifestou-se no olhar dela, e de repente eu conseguia até ouvi-la a pensar 'OH MEU DEUS A MINHA FILHA É OFICIALMENTE ADOLESCENTE, SOCORROOOO'.

Just be a real parent quote

Esta é curiosamente uma das memórias mais felizes que tenho com a minha mãe. Porque ela me acalmou quando eu estava perdida. Porque ela me aconselhou quando eu estava ansiosa. Porque ela tinha razão, embora eu não tenha percebido isso nos anos seguintes.

(Porque acabei por dizer ao Hélder que não gostava dele, um mês depois percebi que afinal gostava dele e ele optou por passar os três anos seguintes a fazer a minha vida num autêntico inferno. Enfim.)

I've got the roots down, I need to work on the wings.:

Este é também um dos melhores exemplos de parentalidade que os meus pais me deram. Nunca tive qualquer tipo de dúvida em falar com eles sobre o que me preocupava. Sempre ouvi e respeitei os conselhos deles (mesmo que por vezes acabasse a fazer exactamente o oposto). E eles ajudaram-me a crescer e a tornar-me cada vez mais autónoma e decidida.

Hoje em dia já não preciso de pedir conselhos aos meus pais antes de fazer algo. Mas gosto de ouvir a opinião deles. E é esse o tipo de mãe que quero ser.

Sei que um dia também eu vou pensar 'OH MEU DEUS O MEU FILHO É OFICIALMENTE ADOLESCENTE, SOCORROOOO'. E, talvez por isso, estou divertidíssima a aproveitar esta fase, enquanto os dias não passam, as semanas se arrastam e o tempo está parado.

Porque há muito tempo para a vida começar a correr depois. Por agora, quero aproveitar a viagem.

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