18 de novembro de 2014

Frango à Toscana e uma reflexão sobre a ditadura da imagem.

I never pretend to be something I'm not,
You get what you see, when you see what I've got.
We live in the real world, I'm just a real girl,
I know exactly where I stand.

And all I can do is be true to myself,
I don't need permission from nobody else.
'Cause this is the real world, I'm not a little girl,
I know exactly who I am.

Mutya Buena


Tudo começou com uma notícia do Buzzfeed - sim, eu também tenho direito aos meus momentos menos eruditos - sobre a Beyoncé e o facto de ela (supostamente) utilizar Photoshop para adulterar as suas fotos do Instagram.

Eu não sou de todo destas corriqueirices sociais. Mas o tema da auto-imagem diz-me muito por várias razões (não quisesse eu ter uma quinta para pessoas com distúrbios do comportamento alimentar), e na altura dediquei alguns minutos do meu dia a pensar nessa questão.

De facto, no hospital e no centro de saúde lidamos diariamente com malta adolescente, e é notório o quanto actualmente eles estão sujeitos a uma pressão social impressionante (comparando até com o que eu passei na minha altura, que não foi assim há tanto tempo atrás).

As redes sociais como o Facebook e o Instagram empolam ainda mais a importância da imagem e de 'parecer fixe e popular' e contribuem de forma visível para a diminuição da auto-estima e para o isolamento social, e tudo isto faz com que os miúdos sejam ainda mais autoconscientes do seu aspecto físico. 

E depois há estes exemplos. A Beyoncé é uma mulher bonita e tem um corpo curvilíneo e aparentemente saudável que é admirado por muitos. Mas pelos vistos insiste em mudar as fotografias que partilha com os fãs. Para quê?

Encontrava-me a pensar nisto de uma forma superficial quando a realidade me esbofeteou com força:

Eu não sou diferente.


Quem sou eu para criticar alguém que usa um programa de edição de fotografias? Não uso eu própria um para vos mostrar comida com melhor aspecto? Não retoco iluminação, saturação, realces e sombras? Não retoco pequenas manchas? Não selecciono as melhores fotos e envio as outras para a reciclagem? Não me abstenho de mostrar determinadas receitas porque não ficaram tão apetitosas como o pretendido?

Não vos estarei também a ensinar que a comida é mais saborosa quando está mais bonita?

É assustador o quanto a ditadura da imagem nos envolve hoje em dia, e não me sinto muito confortável em ter a minha dose de responsabilidade nisso. É verdade que o mundo da culinária vive muito do aspecto e que os olhos também comem, mas não quero fazer-vos sentir que as receitinhas que testam em casa são menos válidas ou deliciosas porque não estão empratadas, fotografadas com uma boa máquina, seleccionadas e editadas.

Porque, tal como com os diferentes tipos de corpo, a comida é bela quando é real. Independentemente de parecer uma obra de arte ou uma mistureba estranha.

Por isso hoje é isso que vos trago: comida real. Comida verdadeira, daquela que faz a barriguinha sorrir. Comida sem retoques e sem frufrus. Comida para levar na marmita e para comer ao almoço.

Comida. Ponto.


Frango à Toscana (receita adaptada do blog 'The Wanderlust Kitchen')

Ingredientes:

* Um fio de azeite;
* Meia cebola picada;
* Dois dentes de alho picados;
* 250g de peito de frango cortado em cubinhos;
* 100g de cogumelos laminados;
* 50g de brócolos (opcional);
* Uma lata de tomate pelado;
* Uma colher de chá de orégãos;
* Uma colher de chá de manjericão;
* Uma colher de chá de paprika;
* Uma pitada de sal;
* Uma pitada de piri-piri.

Confecção:

* Refogar a cebola picada e o alho picado num fio de azeite;

* Juntar o frango, os cogumelos e os brócolos e saltear;

* Cobrir com o tomate pelado e temperar com os orégãos, o manjericão, a paprika, o sal e o piri-piri;

* Deixar cozinhar e servir.

Até amanhã! :D