9 de abril de 2014

Courgette redonda recheada e o fundamentalismo.

You are not entitled to your opinion. You are entitled to your informed opinion. 
No one is entitled to be ignorant.

Harlan Ellison


Acho que quem me acompanha há algum tempo já percebeu que eu não gosto de criticar os outros. Mas hoje permitam-me fazer uma excepção.

Há dois tipos de pessoas que me irritam profundamente - as peganhentas e as fundamentalistas. Para os efeitos desta conversa, vou concentrar-me nas últimas.

Na medicina em geral e na pediatria em particular lidamos diariamente com malta fundamentalista (leia-se, mães). Ora é porque são fundamentalistas no parto natural, ora é porque querem à força fazer uma cesariana. Ora é porque o aleitamento materno é a melhor coisa de sempre e deve ser feito até aos 18 anos se possível, ora é porque o leite adaptado é a melhor invenção do mundo e dar mama está completamente ultrapassado.

Sempre pensei que no fundo as pessoas fundamentalistas são profundamente inseguras, e que na necessidade cega de serem apreciadas ou valorizadas pelas suas decisões acabam por impingi-las aos outros como verdades absolutas. Mas não o são, de todo.


Da primeira vez que vi uma cesariana achei honestamente que nunca na vida faria um filho passar por aquela violência. Entretanto vi umas dezenas de partos naturais e fiquei horrivelmente preocupada com o meu pipi a segurança daquilo. Eventualmente passou-me e actualmente acho que o parto normal (com epidural!) é a melhor alternativa para o bebé e para a mãe.

Não deixa de ser a minha opinião, devidamente fundamentada com aquilo que me foi ensinado no curso, o que li em vários artigos científicos e aquilo que eu própria fui vivenciando com as grávidas que acompanhei. Mas quando conheço alguém que quer fazer uma cesariana não fico escandalizada: afinal, quem sou eu para julgar as opções dos outros só porque não são semelhantes às minhas?


Já em relação ao aleitamento materno nunca tive qualquer dúvida - sim, sim e sim. Mas com limites: em exclusividade até aos seis meses, e depois é importante começar a estimular a independência dos miúdos e das mães. Não acho que seja uma forma importante de vinculação - mais uma vez é a minha opinião, podia estar aqui horas a falar sobre a vinculação dos pais com os bebés - mas acho que é uma forma prática, rápida e barata de transmitir coisinhas boas aos miúdos.

E mais uma vez não me choca absolutamente nada ouvir que alguém não quer amamentar, e nem sequer acho que as pessoas devam justificar as suas decisões perante quem quer que seja - desde que o façam com o conhecimento de todos os factos e com plena consciência dos seus actos.

O que quero transmitir com este texto já demasiado grande? Que o fundamentalismo nunca é bom, mesmo quando até partilhamos na teoria os mesmos pontos de vista. Que não devemos julgar os outros por terem opiniões, pontos de vista ou prioridades diferentes. Que temos de perceber de uma vez por todas que as nossas vidas são nossas, e as dos outros são dos outros.

Vamos ser fundamentalistas do não-fundamentalismo? :)


Courgette redonda recheada

Ingredientes (para uma pessoa):

* Uma courgette redonda;
* Um fio de azeite;
* Meia cebola picada;
* Um dente de alho picado;
* 45g de peito de peru picado;
* Duas fatias de fiambre de peru;
* Queijo ralado q.b.;
* Uma pitada de pimentão-doce;
* Uma pitada de paprika;
* Uma pitada de especiarias italianas;
* Uma pitada de sal.

Confecção:

* Retirar a parte de cima da courgette e escavar a polpa com o auxílio de uma colher de sopa;

* Refogar a cebola picada e o alho picado no fio de azeite e juntar a polpa de courgette, o peito de peru picado, o fiambre de peru e o queijo;

* Mexer bem e temperar com o pimentão-doce, a paprika, as especiarias italianas e o sal;

* Deixar cozinhar e triturar a mistura com o robot de cozinha (pessoalmente acho mais prático usar a varinha mágica);

* Rechear a courgette com a mistura;

* Cobrir com queijo ralado e levar ao forno pré-aquecido a 200º durante trinta minutos.

Até amanhã! :D