14 de março de 2014

Queijadas integrais de amêndoa e lima e a religião.

In the arms of the angel,
Fly away from here,
From this dark cold hotel room
And the endlessness that you fear.

You are pulled from the wreckage
Of your silent reverie,
You're in the arms of the angel
May you find some comfort here.

Sarah McLachlan 


Fui baptizada ainda bebé. No dia do meu baptizado estava tão doente que a minha avó levou uma garrafa térmica com água quente, que o padre usou para me baptizar. Já na altura era um bocadinho diva. 

Aos seis anos fui para a catequese, mas sempre achei aquilo tremendamente aborrecido. Nada me parecia minimamente verdadeiro ou credível (afinal, eu sempre fui uma criança muito virada para os factos, à excepção do candeeiro mágico), e a única razão para gostar de lá ir era mesmo porque podia trocar cromos da Pocahontas e jogar aos Matutolas com os outros miúdos (quão giros eram os Matutolas?). 

Quando tinha doze anos o meu avô morreu, e a minha religião morreu com ele. Fiquei revoltada e amarga, e passei vários anos completamente afastada de tudo o que envolvesse a espiritualidade. 

Até que comecei a viajar mais. 


Entretanto já conheci pessoas de todas as religiões. Estive numa cerimónia hindu, fui abençoada por um monge budista e entrei numa mesquita lindíssima. Visitei uns 281223231 museus sobre a Segunda Guerra Mundial e possivelmente outros tantos sobre a história dos judeus e do judaísmo. Li imenso sobre o sikhismo, uma religião que aprendi a respeitar. 

E percebi que só há na verdade uma religião: a do amor. 


Hoje sei que os meus pais não me ensinaram a ser uma boa católica: ensinaram-me a ser boa pessoa. Ensinaram-me a praticar o bem, a dar-me aos outros sem reservas e a acreditar sempre na bondade. Ensinaram-me a ter esperança, a ser paciente e a lutar pelos meus objectivos. Ensinaram-me que a vida retribui aquilo que lhe damos. 

E por isso hoje não sei muito bem qual é a minha religião. Mas sei que serei sempre da religião do amor, da compaixão e do perdão. 


Neste dia em particular fui assistir à missa na igreja de São Jorge de Arroios para dar apoio moral à Joana e ao Bernardo (e mais alguns dos meus amigos, na verdade), que cantam no coro. Não fui propriamente como uma boa católica, mas fui certamente como uma boa pessoa: sei que foi importante para eles que eu lá estivesse, até porque no fim puderam comer estas queijadas deliciosas. 

A minha religião é o amor, e estas queijadas são um belo exemplo disso. São uma forma de amar os outros, de os acolher e de os aceitar. São uma forma de os fazer felizes. São verdadeiramente queijadas do céu :D


Queijadas integrais de amêndoa e lima (receita adaptada do blog 'Cozinha da[duxa]'

Ingredientes (para doze queijadas):

* Dois ovos;
* 180g de açúcar branco;
* 500ml de leite;
* 50g de manteiga sem sal derretida;
* 100g de farinha integral peneirada;
* Uma colher de sopa de essência de baunilha;
* Raspa de duas limas;
* Amêndoa ralada q.b.

Confecção:

* Bater os ovos e o açúcar até ficar um creme claro;

* Juntar o leite, a manteiga derretida e a farinha e bater bem com uma vara de arames;

* Misturar a essência de baunilha e a raspa de lima;

* Colocar em forminhas para muffins (o ideal é serem de silicone, se não forem certifiquem-se que estão muito bem untadas) e cobrir com a amêndoa ralada (também experimentei com coco e fica igualmente delicioso);

* Levar ao forno pré-aquecido a 180º durante quarenta minutos;

* Desligar o forno e deixar as queijadas dentro do forno durante mais dez minutos;

* Desenformar já frias. 


Pessoalmente não achei nada prático fazê-las nas forminhas de papel, uma vez que acabaram por ficar um bocadinho agarradas - mas certamente que nas forminhas de silicone não haverá esse problema! :)

Tenham um óptimo fim-de-semana :D