13 de fevereiro de 2014

Pizza barbecue com alheira de peru e uma tradição de infância :)

Uma gaivota voava, voava, 
Asas de vento, coração de mar,
Como ela, somos livres, 
Somos livres de voar.
Como ela, somos livres, 
Somos livres de voar.


Quando eu era criança dormia imensas vezes em casa dos meus avós ao Sábado à noite.

Os meus pais deixavam-me lá, e logo eu corria para o quarto e pegava na minha boneca loira. A brincadeira era sempre a mesma: alguém deixava uma criança loira abandonada à porta da minha casa, e eu decidia acolhê-la e criá-la. E passava horas a vestir-lhe as várias roupinhas que a minha avó fazia, a cobri-la com os cobertores de lã que a minha avó tricotava e a pentear-lhe os longos cabelos loiros.

Eventualmente fartava-me (ela era uma boneca um bocado problemática, talvez por ser adoptada) e ia desenhar com giz de várias cores num pequeno quadro de lousa que a minha avó comprou na loja do Sr. João.


Chegava a hora do jantar e a minha avó enchia-me o pratinho com jardineira, na qual pisava as batatas com o garfo. No fim molhava bocados de pão no molho que sobrava, e ainda havia espaço para duas (ou três!) peças de fruta cuidadosamente lavadas e com casca (porque é lá que estão as vitaminas, como todas as avós sabem!).

Depois do jantar a minha avó começava a arrumar a cozinha e o meu avô fazia o seu habitual espectáculo de magia: íamos para o quarto, ficávamos em pé em cima da cama, o meu avô estendia os braços para o candeeiro, e depois de ditas as palavras mágicas o candeeiro começava a deitar rebuçados. Demorei anos (mais do que aqueles que tenho coragem de admitir) a perceber que o meu avô escondia os rebuçados na manga e que não existiam candeeiros mágicos.


Quando ficava satisfeita com a arrumação da cozinha a minha avó chamava-me para o banho. Seguidamente era hora de vestir o meu pijama fofinho, colocado estrategicamente em cima do aquecedor para ficar quentinho.

Deitava-me com a minha avó na cama e o meu avô ia para o sofá. Víamos episódios das telenovelas da altura e conversávamos sobre parvoíces, e depois da minha avó apagar a luz cantava-me sempre uma música da altura do 25 de Abril para eu adormecer. A minha preferida era esta:

Uma gaivota voava, voava,
Asas de vento, coração de mar,
Como ela, somos livres,
Somos livres de voar.
Como ela, somos livres,
Somos livres de voar.


No dia seguinte acordava com o cheirinho do leite com cevada e açúcar e do pão torrado com margarina. Passava a manhã a ver desenhos animados, e ficava realmente triste quando era hora de voltar para casa.

Agora está na hora de construir as minhas próprias tradições. E nelas vai haver sempre lugar para leite com cevada, batatas esmagadas e chuvas de rebuçados. E para a Terça-feira da pizza também :D


Pizza barbecue com alheira de peru

Ingredientes (para quatro pessoas):

* 250g de farinha;
* Uma saqueta de fermento de padeiro (aproximadamente 5g);
* Uma colher de chá de açúcar;
* Uma pitada de sal;
* 150ml de água quente;
* Duas colheres de chá de azeite;
* Molho barbecue a gosto;
* Uma colher de chá de mistura de especiarias italianas;
* Meia alheira de peru cortada em bocadinhos;
* 200g de queijo ralado.

Confecção:

* Dissolver o fermento de padeiro e o açúcar em 50ml de água quente;

* Mexer e deixar actuar durante 20 minutos;

* Juntar a farinha, o sal, o azeite, a mistura anterior de fermento e a água restante e amassar bem, fazendo uma bola;

* Colocar a massa numa tigela grande, tapar com um pano lavado e seco e deixar levedar durante duas horas;

* Amassar novamente e estender numa superfície enfarinhada;

* Colocar num tabuleiro do forno coberto com papel vegetal e cobrir com o molho barbecue, as especiarias italianas, os bocadinhos de alheira de peru e o queijo ralado;

* Levar ao forno pré-aquecido na temperatura máxima (nos fornos profissionais a pizza coze a 350º, por isso é bastante importante que mantenham o forno o mais quente possível);

* Assar a pizza durante 15 a 20 minutos, dependendo do gosto.


Até amanhã!