27 de novembro de 2013

Feijoada de quinoa e um diagnóstico durante um exame oral.

So I, I turned around.
Oh baby don't care no more,
I know this for sure,
I'm walking out that door.

Well I've been in town for just about fifteen, oh minutes now.
And baby I feel so down.
See I don't know why,
I was walking for miles.

The Strokes


No quinto ano do curso fiz um exame oral de Cardiologia. Durante o meu exame tive de ler e interpretar uns dez ECGs, ao que se seguiram algumas perguntas sobre doenças cardiovasculares. E aquilo correu tão bem que decidi fazer algo que nunca tinha feito: esclarecer com o meu examinador uma dúvida que eu tinha em relação a algo estranho que me acontecia.

Durante o Inverno acontece-me frequentemente ficar com os dedos da mão esquerda dormentes e completamente brancos. Inicialmente sinto apenas um ligeiro formigueiro e consigo ver que os dedos estão mais pálidos, mas eventualmente se não os aquecer deixo de os conseguir mexer (principalmente o indicador e o médio) e eles começam a doer-me e a ficar arroxeados.

Ora eu sabia que isto era o que em Medicina designamos por 'fenómeno de Raynaud' - algo bastante frequente na população em geral - mas achei que de qualquer das formas podia perguntar ao professor se havia alguma forma de eu evitar isto.


Mal acabei de falar o professor disse que aquilo não era nada de especial e que não tinha motivo para ficar preocupada. Sugeriu que eu evitasse expôr as mãos ao frio, mas esclareceu que fora isso não havia nada que eu pudesse fazer.

E de repente o professor disse:

'Quer dizer, a não ser que tenhas simultaneamente um prolapso da válvula mitral, aí convém veres isso.'

Bolas.


Eu já vos contei que tenho um prolapso da válvula mitral, que de uma forma simples se descreve como um folheto da válvula mais gordão que não fecha tão bem. Perguntei logo ao professor qual era o problema de ter as duas coisas em simultâneo, e foi então que ele disse:

'Pode ser um sinal de uma doença auto-imune, como o lúpus. Devias ir ao reumatologista.'


Saí da sala completamente desconcertada e passei o resto do dia a pensar na questão. Mas depois confesso que achei que não tinha mais sintomas nenhuns, que me sentia óptima e que não fazia muito sentido ir ao médico por causa de algo tão comum.

Não fiquem já a pensar que sou uma daquelas pessoas que pensa 'bem-estou-aqui-a-tossir-sangue-há-um-mês-mas-não-deve-ser-nada-de-especial'. Não sou irresponsável, e também não sou idiota. Mas confesso que tenho um historial de adiar consultas médicas porque penso sempre que não estou assiiiiiiiim tão mal.

Meu Deus, serei uma daquelas pessoas que pensa 'bem-estou-aqui-a-tossir-sangue-há-um-mês-mas-não-deve-ser-nada-de-especial'?


Outra coisa que tenho a mania de adiar é deixar a carne a descongelar: não o consigo evitar, é um misto de preguiça e medo de mudar de ideias em relação ao prato que quero cozinhar. É claro que isto faz com que frequentemente de vez em quando não tenha nada preparado para o almoço e tenha de inventar uma refeição rápida e prática - e foi assim que há uns dias saiu esta bela feijoada de quinoa, que fez as delícias cá de casa :D


Feijoada de quinoa

Ingredientes (para quatro pessoas):

* Um fio de azeite;
* Uma cebola picada;
* Três dentes de alho picados;
* 50g de bacon cortado em pedacinhos;
* Duas chávenas de chá de água;
* Uma chávena de chá de quinoa crua (lavada e escorrida);
* Uma lata pequena de feijão preto cozido;
* Uma colher de chá de pimentão-doce;
* Uma colher de chá de paprika;
* Uma pitada de sal;
* Uma pitada de piri-piri;
* Uma colher de chá de cominhos;
* Uma colher de chá de coentros.

Confecção:

* Refogar o fio de azeite, a cebola picada, os dentes de alho picados e o bacon cortado em pedacinhos;

* Juntar as duas chávenas de chá de água e a quinoa e deixar cozer durante cerca de quinze minutos;

* Acrescentar o feijão preto e temperar com o pimentão-doce, a paprika, o sal (pouco), o piri-piri, os cominhos e os coentros;

* Deixar cozinhar e servir.


Até amanhã! :D