1 de maio de 2013

Bagels com sementes de sésamo e uma reflexão sobre a vida :)

Oh simple thing, where have you gone?
I'm getting old and I need something to rely on.
So tell me, when you're gonna let me in?
I'm getting tired and I need somewhere to begin...

And if you have a minute, why don't we go
Talk about it somewhere only we know?
This could be the end of everything,
So why don't we go somewhere only we know?

Keane


Como é lidar com a morte? 

Esta é provavelmente a pergunta mais frequente que me fazem os meus familiares e os meus amigos que não são estudantes de Medicina: como é acompanhar a morte de alguém? 


Sempre que me fazem esta pergunta lembro-me de uma situação a que assisti há dois anos, quando fiz o meu estágio de Infecciologia. Na consulta estava um casal jovem, em que a mulher tinha descoberto que tinha HIV quando fez as análises do segundo trimestre da gravidez. O homem fez análises depois, e também estava infectado com HIV. Nenhum dos dois sabia quem se tinha infectado primeiro. 


Depois de feitas as perguntas, o meu tutor começa a escrever no computador e repara que o homem já tem um processo aberto no hospital. Há dez anos. 

Por ter HIV.   


Eu não sei se vocês percebem a gravidade desta situação: estamos a falar de duas pessoas que estavam juntas há seis anos, que decidiram ter um filho e que tiveram uma gravidez planeada. E durante este processo o homem nunca contou à esposa que tinha HIV.


Eticamente e legalmente isto é uma questão muito complicada. O homem estava abrangido pelo segredo médico, mas ao mesmo tempo cometeu um crime: infectou deliberadamente alguém com HIV. Depois de alguns segundos (que pareceram horas!) de hesitação, o meu tutor respirou fundo e disse: 

'Mas o senhor tal já tem aqui um processo aberto há dez anos. Até já fez os tratamentos x, y e z'. 


E é por coisas assim que quando me perguntam como é lidar com a morte eu penso que muito mais difícil é lidar com a vida. A vida é lixada. A vida é complicada. A vida é confusa. 


Só nos resta chegar a casa todos os dias, pensarmos que fizemos a coisa certa, deitarmos a cabeça na almofada e dormirmos descansados. E acordarmos no dia seguinte, comermos um bagel na varanda enquanto olhamos para as flores e esperarmos que o dia de hoje nos sorria muito :)


Bagels com sementes de sésamo

Ingredientes (para seis bagels): 

* 375g de farinha de trigo; 
* 15g de fermento de padeiro; 
* 175ml de água; 
* 5g de sal; 
* 15g de açúcar;
* Uma colher de sopa de azeite;
* Sementes de sésamo.  

Confecção: 

* Misturar o fermento com 50ml de água quente e deixar actuar durante vinte minutos; 

* Juntar a 100g de farinha de trigo, amassar bem e deixar repousar coberto com um pano durante duas horas; 

* Adicionar a farinha restante, o resto da água, o sal, o açúcar e o azeite e voltar a amassar até a massa ficar consistente e elástica;

* Deixar repousar durante uma hora; 

* Dividir a massa em seis pedaços e formar bolas, fazendo no centro um buraco largo e bem definido para não fechar; 

* Colocar os bagels numa panela com água a ferver temperada com uma pitada de sal, baixando o lume de seguida; 

* Deixar cozer durante trinta segundos e virar com uma escumadeira, deixando cozer durante mais trinta segundos; 

* Retirar, deixar escorrer e colocar as sementes (num dos bagels coloquei amêndoas laminadas);

* Colocar num tabuleiro coberto com papel vegetal e levar ao forno pré-aquecido a 240º durante quinze minutos. 



Esta foi apenas a terceira vez que fiz bagels em casa, não porque não goste deles mas porque nunca tenho paciência para os deixar a levedar :) Desta vez experimentei não utilizar farinha integral e gostei bastante do resultado, embora os bagels fiquem menos ricos em fibras do que se forem feitos com farinha integral :)


Até amanhã! :D