6 de julho de 2012

Das sementes de papoila e do autobronzeamento :)

Ontem foi um dia cheio de experiências culinárias diferentes :D 
Para o meu pequeno-almoço bebi um iogurte líquido de framboesa e comi um pão com sementes de papoila com uma fatia fina de peito de peru :)

Pão com sementes de papoila :)


Enquanto comia o meu pão questionei-me se as sementes de papoila dariam um artigo interessante, e fui pesquisar algumas coisas :D Aqui vai o que descobri :)

As sementes de papoila são ricas em proteínas, em hidratos de carbono, em fibras e em gorduras poli-insaturadas. São ainda ricas em vitaminas como a vitamina B9 e a vitamina E e em minerais como o cálcio, o ferro e o manganésio.

Composição nutricional das sementes de papoila (por cada 100g):

Calorias: 525
Proteínas: 18g
Hidratos de Carbono: 28g
Açúcares: 3g
Fibras: 23g
Gorduras: 42g
Gorduras saturadas: 5g
Gorduras monoinsaturadas: 6g
Gorduras poli-insaturadas: 29g

21% da DDR de vitamina B9
12% da DDR de vitamina E

144% da DDR de cálcio
77% da DDR de ferro
333% da DDR de manganésio

As sementes de papoila são obtidas da papoila (Papaver somniferum), de onde também são obtidos o ópio e a morfina. Estas sementes são utilizadas inteiras ou moídas como especiarias, condimentos, decoração e como ingrediente em vários pratos, bem como para fazer óleo de papoila. Normalmente podem ser vistas em pães, bagels, muffins, bolos e barrinhas de cereais.

Imagem retirada daqui
Na civilização egípcia as sementes de papoila eram utilizadas pelo seu papel sedativo, e ao longo da história estas sementes têm vindo a ser utilizadas para tratar insónias. Na medicina tradicional indiana as sementes de papoila são ainda utilizadas para fazer uma pasta e aplicadas na pele como creme hidratante.

As sementes de papoila são altamente nutritivas e têm vindo a ser exploradas como potencial fonte de fármacos antineoplásicos. Podem ainda ser utilizadas a nível médico para diagnosticar fístulas vesicointestinais e, neste caso, a sensibilidade deste teste é de 100%, sendo superior à sensibilidade da TC (tomografia computorizada) e da RM (ressonância magnética).

Imagem retirada daqui
Comer pratos com sementes de papoila (como, por exemplo, muffins de limão e sementes de papoila) pode levar a que uma pequena quantidade de opiáceos entre em circulação e, assim sendo, pode fazer com que que ocorram falsos positivos em testes de opiáceos (embora os níveis de opiáceos presentes em circulação sejam demasiado baixos para apresentarem qualquer efeito no organismo). 

Esta teoria foi inclusivamente provada num dos programas dos 'MythBusters' (ou 'Caçadores de Mitos', em português). Um dos participantes ingeriu um bolo inteiro com sementes de papoila e acusou positivo num teste para opiáceos apenas meia hora mais tarde. Outro participante comeu três bagels com sementes de papoila e acusou positivo cerca de duas horas mais tarde. Ambos apresentaram níveis circulantes de opiáceos durante o resto do dia. 

Devido a este facto as sementes de papoila são proibidas em Singapura e nos Emirados Árabes Unidos.

Para os mais curiosos, aqui vão alguns artigos:

1. Keskin O, Sekerel BE (2006). "Poppy Seed Allergy: A case report and review of the literature". Allergy and Asthma Proceedings 27 (4): 396–8.

2. Panasoff J (2008). "Poppy seed anaphylaxis". Journal of Investigational Allergology and Clinical Immunology 18 (3): 224–5.

3. Aruna K, Sivaramakrishnan VM (November 1992). "Anticarcinogenic effects of some Indian plant products". Food and Chemical Toxicology 30 (11): 953–6.

4. Melchior S, Cudovic D, Jones J, Thomas C, Gillitzer R, Thüroff J (September 2009). "Diagnosis and surgical management of colovesical fistulas due to sigmoid diverticulitis". The Journal of Urology 182 (3): 978–82. 

5. Kwon EO, Armenakas NA, Scharf SC, Panagopoulos G, Fracchia JA (April 2008). "The poppy seed test for colovesical fistula: big bang, little bucks!". The Journal of Urology 179 (4): 1425–7. 

6. Schwaibold H, Popiel C, Geist E, Hartung R (August 2001). "Oral intake of poppy seed: a reliable and simple method for diagnosing vesico-enteric fistula". The Journal of Urology 166 (2): 530–1. 

Pessoalmente achei muito interessante aprender mais sobre as sementes de papoila, principalmente porque desconhecia por completo a questão dos opiáceos! Da próxima vez que tiver dores do pé talvez experimente comer um pãozinho com sementes de papoila! :D

Passei o resto da manhã a estudar. Para o almoço optámos por ir almoçar fora, e decidimos experimentar um novo restaurante  :D 

Há algum tempo eu li na TimeOut uma óptima crítica sobre um restaurante vegetariano indiano que, curiosamente, ficava perto de nossa casa. Na crítica era dito que o restaurante era 'o melhor restaurante vegetariano em Portugal', e como tanto eu como o P. adoramos comida indiana decidimos experimentar :D

O restaurante fica dentro do templo hindu Radha Krishna, e é na verdade uma cantina. A sala tem algumas mesas corridas e dá para ver o que se passa na cozinha (sempre uma vantagem, na minha opinião). Ao almoço havia serviço de buffet e os empregados circulavam pelas mesas com pão roti e com umas bolinhas interessantes :)

O prato :D

Televisão a dar uma telenovela indiana muito interessante :D

Copos :D

O meu primeiro (e único) prato :)

Caril de feijão verde com batata, caril de feijão vermelho e pão roti :)

Arroz branco, salada de alface, cenoura e couve branca, sopa de cenoura e dois molhos :)

Desconheço o que havia dentro das bolinhas (mas sabiam a cardamomo!)

Fim :) (não gostei da sopa nem dos molhos)

O templo visto do exterior :)


Nós achámos que foi uma experiência mesmo interessante :D O local era tradicional e original, o ambiente era fantástico e a comida era óptima :) Apesar de não haver muita escolha (eu trouxe no prato todas as opções que havia no buffet) a comida era verdadeiramente deliciosa, e até o P. (que é um esquisito com comida vegetariana) ficou bem cheio :D 

Se forem de Lisboa e gostarem mesmo de comida indiana aconselho vivamente que visitem esta cantina :D Podem visitar o site do templo aqui e podem ver a crítica da TimeOut aqui :)

Durante a tarde arrumei a casa, treinei um pouco de piano e apanhei o comboio para o Porto :) À minha espera na estação estavam os meus pais e o meu irmão, que me desafiaram para irmos jantar uma francesinha! :) 

Fomos à Cervejaria Galiza no Porto, um sítio que apreciamos bastante :) Eu estava mesmo quase a pedir bacalhau assado, mas entretanto deparei-me com a francesinha vegetariana. Como o meu pai me disse que já a tinha provado e que era bastante boa decidi experimentar :) 

Francesinha vegetariana da Cervejaria Galiza
O conceito desta francesinha é curioso. São três rolinhos de massa brick (semelhantes a crepes chineses) recheados com vários vegetais (ervilhas, cenoura, rebentos de soja, entre outros), alinhados e cobertos com queijo :) Como não tinha comido carne ou peixe ao almoço pedi a francesinha vegetariana com ovo, que era coberta com um ovo estrelado :)

A francesinha fica interessante, mas muito sinceramente não fica nada de especial. Eu confesso que embirro um bocadinho com o molho de francesinha da maior parte dos restaurantes porque acho sempre que sabe a sopa. Na minha opinião o nosso molho de francesinha (que na verdade é o molho de francesinha do P.) é muito melhor! :) Podem ver a receita do nosso molho de francesinha e das nossas francesinhas vagamente saudáveis aqui :)

Da primeira vez que os meus amigos da Faculdade vieram ao Porto (quando eu e o P. nos apaixonámos) levei-os a comer uma francesinha e fiquei mesmo surpreendida, porque só eu e o P. é que conseguimos acabar o nosso prato. Na altura confesso que fiquei orgulhosa de mim própria, e disse-lhes algo muito parecido com 'cambada de fraquinhos de Lisboa, que nem uma francesinha inteira conseguem comer' :)

E hoje engoli essas palavras. Estão a ver a francesinha lá em cima? Pois. Eu também não a consegui acabar, e pela primeira vez na minha vida deixei quase metade da francesinha no prato. Hoje também eu me tornei numa fraquinha de Lisboa que nem uma francesinha inteira consegue comer, possivelmente porque antes da francesinha tinha pedido uma sopa de espinafres.

Eu sei que quem passa pela experiência de estudar longe de casa compreende o que vou dizer a seguir: às vezes eu sinto que não pertenço a sítio nenhum. Já não sou do Porto, mas também ainda não sou (e sinceramente não pretendo ser) de Lisboa. Longe de me deixar triste, essa sensação deixa-me expectante. Eu não pertenço a sítio nenhum. O meu futuro, o meu percurso e a minha vida são um livro em branco que eu posso começar a escrever onde eu quiser :)

Depois do jantar ainda fomos dar um passeio a pé e voltámos para casa :) Passei o serão a estudar Medicina Legal (que é o meu último exame e que vai ser na Quinta-feira) e as diferenças entre enforcamento e estrangulamento (que são bem giras) :)

Muito sinceramente não me parece que hoje vá conseguir estudar grande coisa, senão vejamos: o meu pequenino já me pediu para vermos um filme, para fazermos um bolo, para irmos à piscina e para jogarmos Guitar Hero. No meio disto tudo vai ser complicado estudar alguma coisa, mas pode ser que consiga :D 

Por fim deixo-vos aqui o artigo sobre o autobronzeamento :D

Considera-se autobronzeamento a aplicação de químicos na pele com o objectivo de produzir um aspecto semelhante ao da exposição solar (já vos falei dos efeitos da exposição solar neste artigo aqui). 

A popularidade do autobronzeamento cresceu depois de 1960, quando foi comprovada a relação entre a exposição aos raios ultravioletas (sob a forma de exposição solar ou através de solários) e o aumento do risco de desenvolvimento de cancro da pele. 

O autobronzeamento através da alimentação

A forma mais eficaz e segura de autobronzeamento é a ingestão crónica de carotenóides, que são compostos derivados da vitamina A (já vos falei da vitamina A aqui). 

Além de aumentarem a coloração da pele, e ao contrário dos outros produtos de autobronzeamento, os carotenóides também actuam como uma protecção permanente contra o dano celular da pele mediado pelos raios ultravioletas.

No entanto, a ingestão de suplementos sintéticos de beta-caroteno não é aconselhada, uma vez que estes foram relacionados com um aumento do desenvolvimento de cancro do pulmão em indivíduos fumadores. 

Fontes de vitamina A (imagem retirada daqui)
Além dos carotenóides, também os licopenos actuam como autobronzeadores (eu já vos tinha falado dos licopenos aqui). 

Os licopenos actuam como intermediários na síntese de carotenóides como o beta-caroteno, e ainda apresentam efeitos ao nível da protecção do desenvolvimento de determinados cancros como o cancro do pulmão, o cancro do estômago e o cancro da próstata. 

Imagem muito útil retirada daqui
O autobronzeamento através de cremes ou de loções autobronzeadoras

Os cremes de autobronzeamento mais eficazes e seguros são aqueles que contêm dihidroxiacetona (DHA)

A DHA actua através de uma reacção química entre os aminoácidos da camada superior da superfície da pele. Não envolve uma pigmentação da pele nem requer a exposição aos raios ultravioletas para fazer efeito. No entanto, o efeito é temporário e normalmente vai desaparecendo gradualmente ao fim de três a dez dias. 

A eritrulose actua da mesma forma do que o DHA, mas a reacção ocorre de forma mais lenta. Como estes compostos não actuam nos melanócitos da pele podem ser utilizados por indivíduos com vitiligo para disfarçar as áreas com lesões.

Tanto o DHA como a eritrulose podem causar dermatite de contacto (ou seja, podem causar reacções alérgicas na pele).

Outros produtos autobronzeadores contêm tirosina, e actuam em conjunto com a exposição à luz ultravioleta. No entanto, não há provas científicas que comprovem a eficácia destes produtos.

Autobronzeadores com DHA (imagem retirada daqui)
Existem ainda os sprays de aplicação profissional existentes em alguns spas, embora a sua utilização seja controversa uma vez que não se pode assegurar que o composto existente nos sprays (normalmente o DHA) não entra em contacto com os olhos, com os lábios ou com algumas membranas mucosas (como o interior do nariz).  

No entanto, desde 2010 que a Comissão Europeia considera que o autobronzeamento por spray é seguro para os consumidores

É ainda importante ter em atenção que a maioria dos produtos de autobronzeamento não contém protector solar e, assim sendo, não fornece qualquer protecção contra os raios ultravioletas

De facto, há artigos científicos que afirmam que imediatamente após a aplicação de cremes autobronzeadores a pele fica duas vezes mais susceptível ao dano celular causado pelos raios ultravioletas, razão pela qual após a aplicação destes cremes deve ser evitada a exposição solar imediata.

E aqui vão os artigos do costume :D

1. http://www.ncbi.nlm.nih.gov/books/NBK56078/

2. "In Vivo Formation of Maillard Reaction Free Radicals in Mouse Skin". Journal of Investigative Dermatology.

3. "Induction of skin tanning by subcutaneous administration of a potent synthetic melanotropin". Vol. 266 No. 19, November 20, 1991. Journal of the American Medical Association. 1991.

4. K Jung, M Seifert, Th Herrling, J Fuchs "UV-generated free radicals (FR) in skin: Their prevention by sunscreens and their induction by self-tanning agents." Spectrochim Acta A Mol Biomol Spectrosc. 2008 May;69(5):1423-8.

Segundo o que pesquisei, não há qualquer razão para os autobronzeadores serem perigosos para a saúde quando utilizados correctamente, embora também não sejam benéficos. É meramente uma questão de estética :) Por outro lado, acho que nos próximos dias vou aumentar a minha ingestão de cenoura, tomate, pimento vermelho e papaia :D
Espero que o artigo tenha sido útil! Já sabem que estou sempre disponível para receber sugestões para artigos! :D 

Até amanhã! :D